Conhecendo a Snake Farm em Bangkok, Tailândia, e também participando do clássico Thailand Tourism Festival no Parque Lumpini.

Previously on S2S’s Thailand Trip

Este post ocorre paralelamente ao post de Ayutthaya. Enquanto o restante do grupo visitava a cidade antiga, eu visitava Bangkok.

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Ah, e não deixe de ver o vídeo musical no topo do post! É divertidíssimo!

Dia #2 alternativo: Cobras e Turismo!

Eu adoro animais. Todas as viagens tento incluir em algum momento um contato com a vida animal da região mesmo que a contragosto do Ígor. Pelo menos ele deveria ficar mais feliz porque prefiro ir a um zoológico do que a um shopping fazer compras!

Quando soube que ficaríamos alguns dias em Bangkok logo me lembrei das reportagens assistidas em família sobre tailandeses colocando a cabeça na boca de crocodilos e manuseando cobras venenosas enquanto elas davam bote. Assim que soube onde nos hospedaríamos, hotel Modena By Fraser, tracei a rota para chegar até o Snake Farm. Para minha surpresa e felicidade, seria preciso pegar somente 3 estações de metrô até meu destino. 

Dica: Eu assisti alguns vídeos sobre tailandês no canal da Yukontorn Tappabutt, a “Yuko” do MasterChef Brasil amadores 2017 que me ajudaram muito a entender não só a cultura mas também um pouco da língua. Acabei fazendo um guia de expressões chaves para sobreviver na Tailândia. Sintam-se à vontade para usar baixando-o aqui.

Começa a aventura!

Peguei o metrô na estação Queen Sirikit e desci em Si Lom. Super tranquilo, afinal, tinha feito esse trajeto no dia anterior com meu grupo pra visitarmos o The Grand Palace. Se você ainda não leu, não deixe de ler aqui.

Saindo do metrô, cometi meu primeiro erro. Não segui para as passarelas e fui direto pra rua. Gente, se você quiser ter uma EQM (Experiência de Quase Morte), basta você tentar atravessar uma avenida movimentada em Bangkok. É sério! Por mais que tenha sinaleiros e faixas de pedestres, os motoristas de lá desconhecem seu real significado. Resultado: gastei uns 20 minutos para atravessar a rua do Parque Lumpini para a quadra do Snake Farm. Imagine se tivessem mais cruzamentos como aquele no caminho, estaria tentando chegar lá até hoje. Só consegui porque fui correndo ao lado de um ciclista maluco que foi se enfiando entre carros, motos e tuk tuks que deveriam estar parados por conta do sinal vermelho mas que continuavam a passar… O trânsito lá não é de Deus.

Sobrevivi e finalmente cheguei ao Queen Saovabha Memorial Institute. Tem umas placas indicando o caminho em inglês. Ainda bem, pois na Tailândia tem uma letra que parece um misto entre o árabe e o chinês, incompreensível aos meus olhos. O instituto é enorme e possui uma entrada com lago e fonte lindos. Mas não se engane, aquele prédio todo suntuoso é o instituto de pesquisa, você deve passar pela lateral e atrás estará a entrada da área destinada a visitação. É cobrada uma taxa em dinheiro de 200 baths para adultos 50 baths para crianças. Fique atento aos horários de apresentação disponibilizados no site. Quando fui, a extração de veneno ocorreu às 11h enquanto que o manejo das cobras e a oportunidade de tirar a foto com uma delas foi só às 14:30h. 

Snake Farm em Bangkok.
Snake Farm em Bangkok.

O local é dividido em 3 áreas. Tem uma região arborizada com cobras em uma gaiola gigantesca. Dizem que essas cobras eram reais! Além de serem de verdade, óbvio, pertenciam ao REI da Tailândia. Eram uma variação de naja, aquelas que abrem uma espécie de capuz atrás da cabeça. LINDAS de morrer!!! Literalmente… Acho que deveria ter feito uma revência para elas, já que na Tailândia a realeza é reverenciada e respeitada ao extremo.


Voltando à descrição das áreas, há uma outra parte aberta em que você anda por uma passarela e tem várias cobras em recintos exibidos com vidro e abertas por cima. Há ainda um prédio ao fundo onde são ministradas aulas, exibições, tem alguns cobras fechadas naqueles recintos “clássicos” de zoológico, algumas abertas em uma fonte que eu fiquei meio perturbada, pois parecia muito fácil alguma escapar dali, e também uma parte redonda aberta por cima com pelo menos umas 50 cobras de pequeno porte. Fiquei um bom tempo nesse último observando as cobras escorregarem ao tentar subir pelas paredes. Aparentemente era feito de algum material que as pobrezinhas se viam incapazes de transpor. O mais importante: nesse prédio tem ar-condicionado. Se você for esperar os dois eventos, veja primeiro e rapidamente as partes externas e fique o restante do tempo apreciando as cobras dentro do prédio.

O calor na Tailândia é muito bizarro. Nesse dia eu senti um misto de Palmas com Rio de Janeiro naqueles dias que nem a água do mar gelado consegue te refrescar.

Curiosidade: Acho interessante o respeito e as homenagens ao rei da Tailândia. Praticamente em todo estabelecimento e nas ruas existem altares para ele já que foi decretado o luto oficial de um ano. No Snake Farm não foi diferente. Mais do que um Rei, ele era verdadeiramente amado e idolatrado pelo seu povo. No aeroporto, vi um vídeo sobre as obras de caridade e tantas outras melhorias que ele promoveu no país e é realmente impressionante. 

Cobras na Snake Farm, em Bangkok.
Cobras na Snake Farm, em Bangkok.

Extração de veneno

Chegou a hora da extração do veneno. Me sentei em um mini auditório e esperei na companhia de um casal gringo de que não soube definir o país. Eis que do nada brotam um monte de estudantes com uniformes tailandeses fofinhos – short cáqui, camisa de manga curta azul claro e um lenço ao estilo “escoteiro”- e todos falavam entre si em inglês. Minha cara foi de choque. Porque são poucos os tailandeses que conseguem falar inglês, e os que sabem falam muito ruim, diga-se de passagem. Ver que estão investindo na educação infantil me fez refletir o quanto falta pro nosso país chegar nesse nível. Apesar da pobreza e da desigualdade social a Tailândia se mostrou superior as terras tupiniquins em muitos aspectos.

Enfim, foi exibido um vídeo em tailandês com legenda em inglês mostrando a história da construção do local, sua importância, dado a quantidade de serpentes espelhadas pelo território e o número de picaduras que ocorrem no país, e o processo de fabricação do soro anti-ofídico, essencial para evitar vítimas fatais. Em seguida, fizeram a extração de pelo menos umas 10 cobras diferentes. Tudo foi muito rápido e exibido por duas câmeras. Enquanto 2 profissionais devidamente equipados extraíam o veneno, um outro dava informações relevantes sobre as serpentes no microfone em inglês.

Foi uma experiência muito bacana. Recomendo para os apreciadores de serpentes. Se você não for tão empolgado visite algum templo pela manhã ou o parque Lumpini que é bem próximo e encaixe apenas a apresentação vespertina, que é aquele espetáculo famoso que sempre passam nas reportagens sobre a Tailândia.

Procedimento de extração de veneno de cobra na Snake Farm, em Bangkok.
Procedimento de extração de veneno de cobra na Snake Farm, em Bangkok.

Almocei por ali mesmo enquanto esperava dar o horário da “dança das serpentes”. Há uma pequena área coberta com 3 opções de lanchonetes e algumas cadeiras para se sentar. Ali eu tentei pedir algo que não fosse dar um piriri cabuloso. Mas, confesso que foi difícil. Todas as comidas estavam abertas, mosquitos assentando, pombo voando em cima… Qualquer fiscal sanitário não gostaria da visão daquele lugar. Mas, aos olhares tailandeses, era apenas mais uma lanchonete simples.

De todo modo, vi uns miojos e pensei: “não tem erro!”. A água estará fervida matando possivelmente qualquer patógeno em potencial e estaria consumindo uma quantidade boa de carboidratos para me manter até o final do dia. Pedir a comida foi fácil. Apontei pro miojo e paguei em dinheiro. A senhorinha que trabalhava lá o jogou na água fervendo, pegou umas carnes cortadas em tiras com a mão (eca) e tacou tudo na água. Passou uns segundos e ela pegou um alface e misturou também. Choquei. Alface no miojo… Novidade. O pobrezinho ficou hiper murcho mas comível. O importante é que eu comi e sobrevivi. O caldo estava saboroso, a carne meio emborrachada e o alface por incrível que pareça fez uma composição agradável ao paladar.

Curiosidade: Bacana que estava passando o filme “De Volta Para o Futuro 2” na TV em tailandês. Ainda bem que eu já conhecia as falas. 

Para acompanhar pedi uma sprite por garantia. Suco nem pensar, e o gelo eu joguei fora. Precaução que eu deveria ter continuado no decorrer da viagem. Mas, errar é humano. 

Comida na Snake Farm, em Bangkok.
Eu sobrevivi!

Show e echarpe animal!

Finalmente, chegou a tão esperada apresentação das cobras. Mal podia esperar para ver as najas dando botes como via na televisão! No espaço aberto, há uma pequena arquibancada a cerca de um metro acima do chão. Foi ali que me sentei com alunos e turistas para ver um verdadeiro “desfile” de cobras. Interessante como elas foram apresentadas uma a uma em seus pequenos detalhes. As laterais do local são fechadas para que nenhuma cobra fuja. Além disso, uma equipe composta por policiais e paramédicos fazem a segurança do recinto.

Descobri que algumas daquelas cobras estilo naja não possuem veneno e por isso que elas são tão comumente utilizadas em apresentações e shows. Claro que a grande maioria possui veneno neurotóxico capaz de matar uma pessoa em cerca de 20 minutos, então no geral, mantenha distância de uma dessas se você topar com uma andando livremente por aí. Foi incrível a destreza e confiança com que os profissionais manejavam esses répteis tão temidos. Algumas cobras não pareciam se importar com o manuseio e exibição a que eram submetidas, outras estavam bem nervosas, dando botes e mostrando os dentes. Eu achei incrível! As najas mediam pelo menos 2 metros de comprimento e faziam um som estarrecedor! Eram rápidas e uma delas chegou a mordiscar a bota de um dos apresentadores.

A plateia aplaudia, se assustava, filmava e gritava. De fato, foi um show! O único problema foi o calor especialmente com aquela massa humana ao redor…

Um dos momentos mais aguardados finalmente havia chegado. Todos os corajosos poderiam tirar uma foto segurando uma píton albina indiana. Essa espécie não venenosa pode chegar a medir 8 metros e pesar até 80 quilos. Por sorte, essa devia ter só uns 2 metros. Interessante que chamaram um garoto alemão a frente pra conversar e repentinamente colocaram a cobra sobre os ombros dele achando que ele morreria de medo. #SóQueNão. O menino, além de não se assustar, ainda fez carinho na bichinha. Quem não gostaria de ter um pet desses? Tão exótica com essa cor amarelo ovo inconfundível! Você não paga para tirar a foto, mas é colocado uma caixa caso queira fazer alguma doação. 


Feira de turismo no Parque Lumpini 

Missão cumprida. Hora de voltar para o hotel de metrô antes que meus companheiros de viagem voltassem de Ayuthaya. Voltei para a estação Lumpini mas algo me chamou a atenção. Em frente a uma das entradas do parque havia muitos arranjos feitos com flores naturais. Eu achava que era mais uma das muitas homenagens ao rei que havia falecido a pouco tempo, entretanto ao fundo pude ouvir um som singular tocado ao vivo. Acabei cedendo à minha curiosidade e fui dar uma espiada rápida.

Parque Lumpini, em Bangkok.
Parque Lumpini, em Bangkok.

Acontece que tive a sorte de presenciar a feira anual de turismo da Tailândia. (Thailand Tourism Festival). Nela, o país foi dividido em regiões e cada uma destas possuía bancas com artesanato, roupas, músicas e comidas típicas. Eu me perdi com tanta informação. Era tanta riqueza de detalhes que qualquer turista ficaria maravilhado. Interessante é que possuíam poucos turistas ocidentais como eu, a grande maioria dos visitantes eram os próprios tailandeses.

Várias imagens do Parque Lumpini, em Bangkok.
Várias imagens do Parque Lumpini, em Bangkok.

A Tailândia não é tão grande quanto o Brasil mas é notável a diferença cultural de seus habitantes nos extremos do território. Acredito que, por isso, a feira estava tão cheia. Muitas vezes vi estudantes e trabalhadores tailandeses que pediam para tirar fotos com artistas e dançarinas vestidas com roupas típicas. Vi uma banquinha com um mini buda lindo. Mas o vendedor disse que não estava a venda para mim. Buda não é enfeite e por isso os vendedores se negam a vender a turistas. Fica a dica. Você pode até tentar trazer uma miniatura, mas é bem possível que você leve um “NÃO” em alto e bom som como eu levei.

Vendinhas no Thailand Tourism Festival 2017, no Parque Lumpini, Bangkok.
Vendinhas no Thailand Tourism Festival.

A parte da feira que definitivamente me chamou mais a atenção foi a praça de alimentação. Nunca tinha visto tanta comida esquisita na vida com aspecto e cheiros nada agradáveis. Não conseguia nem chutar o que eram aquelas coisas. Tinha um pouco de tudo. Patos inteiros pendurados, lulas desidratadas, espetinhos de porco assados na folha de bananeira, pad thai, biscoitos… Vi de tudo um pouco exceto os famosos insetos fritos. Acho que deve ser coisa só pra turista que vai na Kao San Road. Comi um espetinho de porco agridoce. Saboroso. Recomendo.

Comidas no Thailand Tourism Festival.

Além das regiões da Tailândia haviam alguns espaços diferenciados, como uma exposição de dinossauros automatizados, uma estande com óculos de realidade virtual/aumentada, um espaço comemorativo do ano novo chinês e painéis para tirar fotos nos famosos campos de arroz com uma das vestimentas tradicionais tailandesas. Você podia ainda pagar pra dar uma voltinha no parque em uma bicicleta estilo tuk tuk ou ser puxado por uma charrete chinesa. Tive a oportunidade de tirar fotos com um grupo de tailandesas vestida a caráter. Foi preciso esperar um tempinho pra conseguir essa foto porque estavam mais disputadas do que qualquer artista famoso que você possa imaginar. Acredite! Aposto que estavam bombando no instagram!

Parque Lumpini em festa na Thailand Tourism Festival 2017.
Parque Lumpini em festa na Thailand Tourism Festival 2017.
Lanternas chinesas. Nunca vi tantas reunidas em um só lugar! Fiquei maravilhada!

Lanternas chinesas!

Fui surpreendida por um desfile musical tradicional. O clima festivo era tão grande que não houvesse quem não quisesse participar daquele ritmo contagiante. Gravei uns trechos pra registrar o momento.

Infelizmente nesse ponto meu celular já tinha acabado a bateria e não pude participar de algumas das atividades. Percebi que tinha perdido a noção do tempo e resolvi ir embora. A feirinha estava cheia de bancas com roupas e itens hiper baratinhos. Precisava voltar pro hotel pra contar a notícia para as companheiras de viagem. Vai que elas animavam de voltar lá a noite para fazer compras. Fui para uma parte mais afastada do parque que tinha um ou outro atleta se exercitando longe do burburinho da feira e ao atravessar uma ponte me deparei com um dos grandes lagartos tailandeses. Que animal incrível! Deveria ter no mínimo um metro de comprimento. Assim que me viu ele tentou se esconder. O pobrezinho deveria estar assustado com tanta perturbação em seu habitat. O Parque Lumpini não é tão grande, mas, por incrível que pareça, havia pessoas lendo, relaxando deitadas sobre a grama entre as árvores e apreciando o belo pôr-do-sol que se aproximava atrás dos arranha-céus de Bangkok.

Mesmo assim, um dia comum no Parque Lumpini.

Voltei para o hotel não antes de me perder na estação de metrô. Acabei saindo por uma outra entrada, bem mais distante do hotel e fiquei com medo de não conseguir retornar em segurança afinal já estava escurecendo. Cheguei sã e salva no hotel. Só que me deparei com uma cena caótica. Meu marido desesperado, o quarto revirado, cofre aberto e pensei no pior. Fomos assaltados. Na verdade ele estava desesperado por notícias minhas. Ops. Eu deveria ter chegado bem mais cedo afinal a previsão era de visitar apenas o Snake Farm e regressar ao hotel umas 15h. Mas, acabei dando aquela passada “rapidinha” na feirinha de turismo sem avisar, fiquei sem bateria, incomunicável e só voltei perto do anoitecer. Levei uma bronca daquelas. Fica a lição. Se você for se aventurar separado do seu grupo tenha um chip com internet no celular, leve uma bateria externa e avise cada passo que você der. Afinal com quem mais você pode contar se não com seu marido e amigos de viagem no outro lado do mundo?