Card de Viagem
Período de viagem03/07/2016 a 11/07/2016
EstaçãoInverno
TemperaturaMínima de -10ºC, Máxima de 10ºC, com ventos do capeta
Câmeras utilizadasAction Camera: Xiaomi Yi
Celulares: Redmi 2 Pro, Moto G 3ª Geração
Itinerário de Viagem– 03/07/2016 – Brasília (BSB) a Buenos Aires (EZE) via LATAM
– 04/07/2016 – Buenos Aires (AEP) a Bariloche (BRC) via LATAM
– 11/07/2016 – Bariloche a Buenos Aires (AEP) via LATAM
– 11/07/2016 – Buenos Aires (AEP) a São Paulo (GRU) via LATAM
– 12/07/2016 – São Paulo (CGH) a Brasília (BSB) via LATAM
HospedagemAeroparque Inn & Suites, em Buenos Aires;
Marcopolo Hostels Inn, em Bariloche.
LinguagemEspanhol
Linguagem para sobreviverInglês ou um português enrolado eles entendem. Para entendê-los, pedir para hablar con más despacio.

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Bariloche, querida!

Antes de mais nada, não deixem de ver o vídeo no topo deste post! É um vídeo musical sobre nossa viagem a Bariloche, e, tenho certeza, vão gostar de ver.

Ah, Bariloche… Essa cidade por alguns chamada de Brasiloche tamanho é o costume do brasileiro de para ela viajar com um grande intuito: ver muita neve. Fazer uma bolinha de neve e tacar na pessoa de quem você gosta e depois rir da cara dela*. Fazer um boneco gigante. Subir montanha de teleférico. Esquiar. Cair de bunda enquanto esquia. Cair de lado. Cair do outro lado. Cair de bunda de novo. Esfregar a cara na neve até ela se queimar todinha como se fosse por fogo. Colocar duas mil camadas de roupa para aguentar a temperatura negativa. Descer um morro de neve com um esquibunda. Postar no facebook uma screenshot do aplicativo de tempo com a temperatura atual e mostrar para todo mundo que está morrendo de frio – quando, na realidade, só sente frio na cara, que é onde não dá pra cobrir. Tudo isso para depois voltar com uma delícia de garganta inflamada e com o nariz catarrento, já que a maioria dos brasileiros não estão acostumados com temperaturas abaixo nem de 15ºC, quanto menos negativas. Assim é uma viagem para Bariloche.

* a parte de rir da cara da pessoa é muito importante, acreditem em mim.

Acidentalmente, descobrimos que a região não é só neve ou gelo, e soubemos de uma forma um pouco frustrante. Essa foi a viagem que me fez ter certeza de que é muito importante pesquisar sobre as épocas ideais de se visitar um lugar para não se frustrar com o clima. Não que a viagem vá ser ruim – nossa viagem foi maravilhosa. Mas com um pouco de planejamento nesse sentido dá pra torná-la melhor ainda.

Índice

Este post contém o seguinte conteúdo:

Antes da Viagem para Bariloche

Expectativas

Fui acompanhando diaramente as webcams do Cerro Catedral, principal centro de esqui da cidade.

No início de junho, durante o outono, houve uma nevasca que deixou o pico todo nevado. À medida que foi chegando o inverno, as nevascas simplesmente desapareceram e, junto delas, a neve acumulada também. Foi então que me deu um surto de desespero. “Não vou ver neve”, gritava para mim mesmo em minha cama, aos prantos, abraçando o meu travesseiro o mais forte que podia para minimizar o amargo sentimento de calvário. Diz-se que quem sofre porque vai fazer uma viagem legal, não obstante imperfeita, é um mimado e há de ser duramente castigado por Deus. Não me importei muito e continuei chorando. “Por que eu escolhi o início de julho?”, lamentava. Logo me conformei ao ver que a previsão do tempo não ajudava. E, de fato, neve, infelizmente, foi o que menos vimos. Somente foi cair uma nevasca em nosso penúltimo dia na cidade. Em compensação, foi uma das boas. Caiu até um floco no meus olhos, o que causou uma suave lacrimação (que foi por causa do contato do floco de neve com meu globo ocular, que fique claro).

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Era meu sonho ver neve. Desde criança. Acho que muitos têm esse desejo também. E ter essa sorte de vê-la logo antes de ir embora foi indiscritível. Realmente me emocionou.

De toda maneira, se teu objetivo for ver neve, recomendo que visite no final de julho (que é alta temporada) ou em agosto (que é baixa temporada). É mais caro, claro, mas não invente de ir em junho e nem no início de julho, caso contrário pode acabar se frustrando.

Nós vimos claramente a transição entre o outono e o inverno, e foi lindo também, de qualquer modo! Vamos compartilhar com vocês de maneira bem humorada.

Preparativos

Os preparativos da viagem essencialmente envolveram comprar muitas roupas de frio. Roupa de frio é um treco que brasileiro só compra pra viajar mesmo, a não ser que tenha uma séria doença masoquista e goste de se torrar por prazer (pode ser que exista alguém assim lendo o blog, não se sintam ofendidos, por favor). Para quem não sabe, existem alguns acessórios indispensáveis:

  1. Segunda pele, que é a 1ª camada: uma camisa e uma calça finas, térmicas, que fica grudada ao corpo;
  2. Terceira pele, que é a 2ª camada: uma camisa e uma calça um pouco mais grossas, para proteger do frio mesmo.
  3. Jaqueta impermeável: uma terceira camada impermeável é necessária porque neve é água e água molha. Corpo molhado + vento frio = morte lenta e dolorosa. Portanto, use roupas impermeáveis. O ideal é que ela corte vento também.
  4. Calça impermeável: mesmo motivo da jaqueta impermeável. Acredite, bunda molhada no frio não é legal;
  5. Botas impermeáveis;
  6. Gorro: para proteger os ouvidos, ideal para o caso de você gostar do seu aparelho auditivo e quiser que não congele e caia;
  7. Óculos escuros com proteção UV: a neve é branca e reflete o sol, o que acaba podendo queimar os seus olhos sem você nem perceber, mesmo que esteja nublado. Por isso, é muito importante estar sempre usando óculos escuros para se proteger disso. Já ouvi relatos de pessoas que resolveram não utilizar qualquer tipo de óculos – passaram-se algumas horas e os olhos começaram a arder e tiveram de ir ao hospital. Portanto, muito importante.
  8. Luvas: recomendo dois tipos de luva – uma mais fina com suporte a touchscreen, para poder usar celular; e uma impermeável, para a neve. Sem as luvas, novamente, você pode sofrer necrose das mãos quando passar um vento do mal, então use luvas!

Naturalmente, dá pra alugar tudo isso em Bariloche. Tem mais lojinhas de aluguel de roupas na cidade do que grãos de areia nesse mundo. Na base do Cerro Catedral também tem. Uma calça impermeável, por exemplo, custa cerca de AR$100 por dia. Óculos, AR$80 o dia. Os outros valores eu não sei, porque não aluguei.
Nós optamos por comprar a maioria dos acessórios na loja física da Decathlon em Goiânia, e outros obtivemos emprestados de amigos ou familiares. Olha, a Decathlon não tá me dando nada pra fazer propaganda pra ela, mas eu vou fazer mesmo assim porque eles são ótimos e os produtos são de qualidade e baratos. Em qualquer lugar você vai achar peças de preços exorbitantes, mas na Decathlon dá pra comprar bem e ainda dividir em mil vezes para se tornar endividado até as próximas dez viagens. Recomendo.
O único problema trágico de comprar tudo é levar nas malas. As peças são grossas e, antes de se jogar na aventura de enfiá-las nas malas, você precisa rezar pelo menos dez orações para a entidade superior em que você acredita ou não e depositar no mar uma quantia de pelo menos 500 euros em oferendas a Iemanjá (funciona em um lago também, caso não more na praia). Ou vocês podem comprar um daqueles sacos que ficam em vácuo. Recomendo muito e ajuda muito nessa tarefa difícil.

Sobre a ida a Bariloche

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Na ida, saímos de Brasília em destino a Buenos Aires às 22h. Chegamos no outro dia a 1h da madrugada no aeroporto Ezeiza. Estava com chuva, então disseram que não poderiam entregar nossas bagagens. Fomos orientados a assinar um documento pedindo que a bagagem fosse entregue posteriormente no hotel. Para nós, isso era um sério problema, pois tinhamos conexão para Bariloche às 13:05, não ficaríamos em Buenos Aires. Além disso, lá estavam todas as nossas roupas de frio. Sem nossas malas, requiescant in pace Igor e Liliam, um casal que um dia sonhou ver a neve, mas acabou se transformando em um único bloco de gelo maciço no processo (romântico até). E, como não fomos submetidos ao mesmo processo de fortalecimento que o Capitão América, não existiriamos mais nesse plano físico.

A chuva nem parecia tão intensa assim. Nossa, se com uma chuva dessas aqui no Brasil fossem impedidos de nos entregar as malas, estaríamos lascadíssimos.

Esperamos então umas três horas e recebemos as malas. Pegamos um transfer na Tienda Léon para o outro aeroporto (Aeroparque), que era de onde sairia para Bariloche. AR$200 pesos por pessoa, não precisa reservar com antecedência, podem comprar na hora mesmo. Sai um transfer de hora em hora. Recomendo entrar no site para ver os horários. Reservamos um hotel (Aeroparque Inn & Suites) próximo ao aeroporto para descansar um pouco até a ida para Bariloche.

Ao chegarmos no Aeroparque, o aeroporto estava um caos. Havia caído um raio em uma antena e não saía nenhum vôo. Tinha gente esperando desde 8h da manhã o vôo para Bariloche. Ouvia-se prantos de sofrimento e terror. Esperamos mais umas 3h até conseguirmos entrar num avião em direção a Bariloche – com os atentendentes ameaçando adiar o vôo para o próximo dia toda hora, o que seria trágico e estragaria todo o nosso roteiro.

Mas chegamos, vivos, tranquilos e com nossas malas. O dia em que chegamos foi o dia 04/07/2016. Este dia é o que considero o Dia #1.

Guia de Viagem para Bariloche

Dia #1 – 04/07/2016 – Rolê na cidade de Bariloche

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Clima: solão, mas muito frio.
Sinal de neve: nadinha de neve, só nos picos das montanhas e olhe lá.

Marcopolo Hostels Inn

Chegamos e ainda era dia. O hostel que escolhemos foi o Marcopolo Hostels Inn, em um quarto duplo com banheiro privativo. Não me importo tanto com hostel desde que tenha um lugar privativo para que eu possa fazer o número dois. É um momento de paz a intimidade máxima – eu e o trono e ninguém mais. Precisa ser privativo. Esse eu achei muito bom porque, além disso, tinha café da manhã (bem simples, mas que servia), janta grátis e era bem localizado. A calefação ótima aguentou o frio de -8ºC do lado de fora. Recomendo.

Ah, e nesse hostel você deve lavar os seus pratos e talheres utilizados. True story. Uma novidade pra mim. Segundo eles mesmos, “você mesmo utilizou sua louça, sua mãe não está aqui para lavá-la, e lavá-la te deixa mais interessante, e, possivelmente, até mais atraente”. Não estou reclamando, achei legal.

A propósito, recebi uma ligação lá no hostel e uma voz feminina em sussuros dizia “siete días” e só isso. Não sei o que ela quis dizer com isso, mas vamos seguindo. Informação verídica e relevante, acreditem.

Centro Cívico

Resolvemos reservar alguns passeios no hostel mesmo. Fomos ao Centro Cívico (da imagem acima), onde há, a propósito, um centro de informações turísticas e passeamos pela rua Mitre, que é a rua principal em Bariloche para turistas, cheias de lojas e restaurantes.

Procuramos por casas de câmbio, porém não achamos o câmbio favorável. Resolvi tirar dinheiro em com cartão Mastercard em um caixa ATM (disponível em bancos como o HSBC ou Bradesco) e descobri que a cotação, contando com as taxas e impostos, era mais favorável do que trocar reais (que havíamos levado) em casas de câmbio. Não cogitamos o câmbio paralelo porque achamos que há possibilidade de receber notas falsas. Portanto, durante todo o resto da viagem, apenas utilizamos ou cartão de crédito ou dinheiro sacado em caixas eletrônicos.

Restaurante La Marmite

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Jantamos um foundie de queijo no restaurante La Marmite. Chegamos cedo e o conseguimos uma mesa. Logo mais tarde o estabelecimento bombou. O restaurante é bastante bonito. As garçonetes pareciam vestidas de escocesas ou algo do tipo. As lamparinas tinham formato de chifres de veados. Bem ao “estilo frio” mesmo. O foundie em si foi uma delícia, principalmente por estar frio. Recomendo, ainda mais acompanhado de um bom vinho!

Voltamos para o hostel e estava a -2ºC no termômetro. Encolhidos, dormimos felizes até o dia seguinte.

Dia #2 – Circuito Chico e Cerro Catedral

Clima: sol de rachar, frio.
Sinal de neve: não tinha sinal nenhum. No cerro catedral tinha algumas migalhas.
Reserva do passeio: no hostel. 1 dia de antecedência.

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Acordamos cedo para fazer o Circuito Chico, que é um circuito clássico em Bariloche que todo mundo precisa fazer. Praticamente todas as agências de turismo oferecem, e, se tiver alugado um carro, pode fazer por si também. Para quem não sabe, Chico não significa “Francisco”, mas, sim, “pequeno”, em espanhol. Isso porque existe o Circuito Chico e o Circuito Grande.

Cerro Campanario

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Pois bem, a primeira parada do Circuito Chico foi o Cerro Campanario. No morro, a vista é uma das mais lindas do mundo segundo uma institução de que não me lembro o nome, o que, na real, não importa, porque se você tem olhos e vê a foto acima, sabe que a vista é linda mesmo e que merece ser observada in loco. A subida é feita de teleférico e é bem agradável. O frio foi absurdo graças ao vento – esteja bem agasalhado.

Um fato curioso. As pessoas pagam milhões de dólares para congelar os seus espermas para uso futuro quando poderiam deixá-los em qualquer lugar desse cerro e o estado de preservação seria com certeza o mesmo. Um pouco constrangedor e exigiria alguma ação furtiva. Porém isso só não é feito porque o amiguinho encolhe de um modo brutal, e a única saída é contratar bancos mesmo. Fim do fato curioso.
Depois paramos em um mirante para o lago Perito Moreno. É uma vista linda também. Muitas vendinhas com artesanatos locais e comidinhas no local. Foi lá que tivemos contato com o primeiro cachorrinho São Bernardo e seus donos mercenários que cobram AR$100 por uma fotinha com o cachorro tristemente escravizado. Como não estava nevando e nem nada, não tiramos nenhuma foto com ele. Só com o lago mesmo. O maravilhoso lago.

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Somos humanos ou dançarinos?

Llao Llao

A próxima parada foi em uma igrejinha com uma vista para o hotel Llao Llao, um dos hoteis mais antigos da região e que foi um dos responsáveis pelo início do turismo na cidade. Não sei quantos dinheiros deve custar pra ficar nesse hotel, mas com certeza são muitos. Quem sabe quando ganharmos na loteria a gente não volta e fica hospedado aí.

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Voltando para a Cidade, a caminho do Cerro Catedral

Depois disso, voltamos para o hostel. Pegamos um sanduíche-iche no McDonalds e nos dirigimos até uma estação de ônibus para pegar um ônibus para o Cerro Catedral, a maior estação de esqui de Bariloche. Comemos no busão mesmo.

Pegar ônibus em Bariloche exige antes ter um cartão de bilhetagem chamado SUBE, que pode ser obtido e recarregado em várias lojinhas por aí. Um casal que conhecemos no Cerro Campanario nos deu um, recarregamos em uma loja e subimos no ônibus para o Cerro. Ele passa de hora em hora. Basta se informar no centro turístico no Centro Cívico. A viagem é de cerca de 1h.

Subindo ao topo do Cerro Catedral

A base do Cerro Catedral estava tipo fazendo parecer uma estação de barro, e não de neve. Tudo bem, vamos a listagem: dá pra escorregar no barro, fazer bolinha de barro e tacar nas pessoas, comer barro, escorregar no barro. Ou seja, tudo igual a neve, exceto que marrom. Não há de que reclamar, certo? A subida só estava disponível via teleférico. São dois para chegar até o topo da montanha, onde existe o chamado Refugio Lynch, com um restaurante. A subida no teleférico é uma experiência bem geladinha.

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No topo encontramos um negócio que podemos chamar de neve. Por ser antiga e de baixa qualidade, minha esposa chama de gelo e, com um brado retumbante, grita para todos os lados que vimos gelo. Julgo ser algum tipo de complexo que nunca vou entender, mas, enfim, vimos um pouquinho de neve ali e aqui. Era bem pouca mesmo. Pra tirar a foto acima tive que achar um ângulo perfeito em que o pau de selfie se alinhava com Júpiter e pelo menos uma das suas quatro maiores luas (Io, Europa, Calisto ou Ganimedes). Nesse caso, acho que também se alinhou com Titã, uma lua de Saturno, porque faz parecer que até tinha bastante neve.

Noite na cidade

Voltamos para a cidade e fomos na agência GYRA reservar uma aula de esqui no Cerro Catedral e também o passeio do Refugio Neumeyer. Pedimos que tivesse um transfer para o cerro também, por favor, obrigado, e ela o fez. Ela sugeriu adicionar por AR$200 um vale snacks para usar no complexo. Achamos super tosco e dissemos que não queríamos.

Depois voltamos para o hostel super cansados, onde optamos por comer o jantar grátis, que era, no dia, um amontoado de pedreiro de arroz com legumes e cebola.

No hostel, a moça da agência nos entregou os vouchers, pois não conseguia imprimir na agência. Ela disse que não seria possível nos dar um transfer, e que o dinheiro do transfer ela compensaria com um vale snacks. Que precisaríamos chegar lá 9h da manhã, e portanto teríamos que pegar o ônibus das 8h da madrugada. Que bom, justo o que a gente não queria. Mas fazer o quê?

Dia #3 – Esqui no Cerro Catedral, e em neve artificial, uhuu

Clima: sol e nuvem, frio.
Sinal de neve: tirando a neve artificial, nadinha.
Reserva do passeio: GYRA

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Indo para o Cerro Catedral para esquiar

Kami-sama pode ser cruel, ele é mau. As divindades não foram muito boazinhas e não caiu neve. Mas o ser humano, com seu desejo crescente de ter mais e mais dinheiro, desenvolveu técnicas para ir contra a natureza e gerar neve artificial, e daí viabilizando o funcionamento parcial da atividade turística. Bom pra nóis.
Madrugamos às 6h. Importante ressaltar que qualquer hora antes das 9h é considerada (por mim e pelo Seu Madruga) madrugada durante essa época, visto que é somente nesse horário que o sol dá as caras. Então estava tudo muito escuro e muito frio! Fomos até o ponto de ônibus e pegamos nosso busão para o Cerro Catedral. Chegamos a tempo de pegar a aula. Aluguei uma calça impermeável lá mesmo (pois não havia comprado uma). Pegamos todos os equipamentos de esqui, que já estavam inclusos no pacote que contratamos.

Eu já estava psicologicamente preparado para cair muito, muito mesmo, então não tava muito preocupado com isso. O que não imaginava era que os equipamentos de esqui fossem tão, tão, tão pesados! Minha nossa, carregá-los até a pista de esqui é um parto.

E isso com uma bota que deixa você andando que nem um robô e que esmagam o seu pé até formar calos. Aliás, dica pra vida: use meias de cano alto. De nada.

Esquiando no Cerro Catedral com neve artificial

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A aula foi grupal, porém eram só seis alunos, então todos tiveram boa atenção do professor. Ele começou ensinando sobre como encaixar as botas nas pranchas. Primeiro um pé, depois outro (infelizmente quem tem três pernas não pode esquiar). Como manter o equilíbrio parado. Como se levantar caso caísse. Como frear – o que, diga-se de passagem, é o mais importante, caso contrário você vai deslizar para o infinito e além (até, claro, cair ou dar de cara com alguma coisa sólida e rachar a cara no meio). Acho que o mais estranho, mas ao mesmo tempo super intiuitivo é aprender a fazer curvas. Não sei como fiz. Só sei que foi assim.
Há uma certa sensação de que você perde a capacidade de se movimentar direito quando está em cima das pranchas. Talez por elas serem muito grandes e estarem presas no seu corpo, funcionando como uma extensão deslizante. É verdade que eu caí bastante, mas confesso que achei mais simples do que parecia, principalmente para alguém como eu que, há dois anos atrás, não sabia nem sequer andar de bicicleta.

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Não sei se existe grande diferença entre a neve artificial e a natural para esquiar. Acredito que tenha experienciado a sensação legítima, exceto que a paisagem em volta não estava branca. Mero fator psicológico, creio eu.

Em um momento, resolvi subir em um ponto mais alto me achando o fodão, mas quando vi a descida deu um cagaço daqueles grandes. Fiquei uns 10min criando coragem para descer, e, quando o fiz, caí imediatamente. Um tombo do caramba! Nesse momento, minha action cam gopobre Xiaomi Yi caiu e eu nem percebi. Só percebi quando fui filmar a Liliam descendo. Fiquei desesperado, mas olhei bem a pista e vi um ponto preto, que estava bem onde caí, e presumi que fosse a câmera. Liliam foi lá e esquiou like a boss, recuperando-a.
Liliam deu até umas caídas, mas me humilhou nesse sentido.

Depois decidimos ir embora. No meio do caminho, meu gorro caiu. Percebi rapidamente mas ele já não estava mais no chão, haviam furtado. Curioso isso, não furtaram minha Xiaomi Yi, mas furtaram o meu gorro. Tive até que comprar outro, caso desejasse manter a integridade física dos meus ouvidos.
Almoçamos no Cerro Catedral mesmo, andamos um pouco pela vila e voltamos para Bariloche.

Restaurante Chalet Suisse

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Depois de um bom banho no hostel, fomos para um restaurante chamado Chalet Suisse. Para chegar nele, é necessário subir uma escadaria para uma casinha. Quando chegamos nela, nos impressionamos com a beleza do lugar. Tudo extremamente detalhado com arranjos de flores e com artefatos religiosos cristãos, bem intimista. Um senhorzinho – o dono do restaurante – nos atendeu. Escolhemos um foundie de carne. Estava ótimo e aproveitamos muito bem os molhos.

Um fato curioso. Dá pra observar nas fotos que o tamanho da minha barriga vai aumentando exponencialmente com o passar da viagem. Há quem chame isso de gravidez, mas é só Bariloche e a sua culinária que fazem isso com a gente. Fim do fato curioso.

Dia #4 – Villa la Angostura, Ruta de Los Siete Lagos, San Martin de Los Andes

Clima: sol e nuvem, frio. Sinal de neve: oi? Que neve? Isso existe em Bariloche?
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Passeio da Rota dos Sete Lagos

O próximo passeio foi o passeio até San Martin dos Andes por meio de Villa la Angostura e a Rota dos Sete Lagos. É um passeio bem extenso e cansativo. Você passa a maior parte do tempo dentro do ônibus, mas as paisagens são fenomenais, vale muito a pena!

Villa la Angostura

Pois bem, o ônibus chegou cedinho no hotel e fomos em direção a Villa la Angostura. A expectativa de neve era zero, então fomos curtindo o que tinha, o que era lindo de toda maneira. A cidadezinha é um charme. Bem pequena, porém daquele jeitinho preparada para o frio. Casas com telhados íngremes rodeadas de uma vegetação única e com montanhas ao fundo. Não é nada parecido com o que conhecemos no Brasil, então o negócio é aproveitar.

Passeamos pela rua principal, compramos algumas coisinhas e, claro, chocolate quente.

Chocolate quente é um negócio que, quando tá frio, você pega bastante. O negócio lá é se entupir da maior quantidade de chocolate quente que conseguir para, depois, ganhar a tão amejada guerra dos tronos, porque junto com o frio, outra coisa que não vai passar, garanto, é o revestrés.

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Lindo o bonequinho de neve no meio do barrão. Hm, sem problemas, porque é belíssimo de qualquer modo.

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Rota dos Sete Lagos

Voltamos para o ônibus e seguimos pela famosíssima Rota dos Sete Lagos. É utilizada por muitos, inclusive, para ir para o Chile, por meio de um chique (e caro) cruzeiro. “Mas menino um cruzeiro no rio ou lago deve ser uma droga, você abre a boca e entra um mosquito”. A realidade muito feliz é que não existe mosquito que resista ao frio da região, então eles simplesmente não existem! Como eu amo essa natureza sem esses insetos estúpidos.
Quando passamos pelo lago, o instrutor nos avisou. “Este aqui é o primeiro lago, olhem para a esquerda” (em espanhol, claro, hurr durr). Era um poço sem graça que se parecia com um de pesque-e-pague. Pensei, “poxa vida, pra ver esse tipo de laguinho sem graça eu poderia ter ido ao Araguaia lá no Goiás e estaria tudo da mesma forma, exceto que quente e com mosquito, mas a mesma coisa”. O ônibus nem parou nele.
Daí veio o segundo lago. Cacete de lago do cacete absurdo. Que paisagens maravilhosas! O lago da imagem acima é um deles – o mais bonito, na minha opinião. Só coisa linda mesmo. E o lago nem estava tão claro quanto poderia estar, pois estávamos no inverno.
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Vamos aos fatos. Este passeio essencialmente significa 70% do tempo no busão. Estejam avisados, caso queiram fazê-lo.

San Martín de Los Andes

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Depois de atravessar todos os sete lagos e tirar altas fotinhas em cada um deles, chegamos na charmosa cidade San Martin de Los Andes. Cidadezinha bem tranquila, pacata e com casas de telhado íngrime. Uma graça para andar a pé e explorar. Não conhecemos muito, pois ficamos, no máximo umas 2h lá. Esse passeio faz dar vontade de ficar por lá mesmo.
Teoricamente, pra quem quiser gastar menos dinheiro, é possível se hospedar em San Martin de Los Andes, pois, se quiser aproveitar a neve, existe uma estação de esqui lá também, que é o Cerro Chapelco. Infelizmente, não pudemos passar por lá, e, ainda que pudéssemos, a realidade é que só encontraríamos barro e não valeria a pena.

Restaurante La Casona

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Almoçamos no restaurante La Casona um Bife de Chorizo, como é tradicional na argentina, muito bom. Minha parte veio mal passada, do jeitinho que eu gosto, sangrando que nem uma vaca menstruada, enquanto o da Liliam veio bem passadinho, do jeito que ela gosta também. Sempre bom deixar bem claro no restaurante se quiser uma carne bem passada, pois, por padrão, ela vem mal passada. É como eles curtem.
Uma dica: suco de framboesa. Tem em todo lugar na Patagônia. Experimentem, é só delícia.

Voltando para Bariloche

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Por fim, voltamos de San Martin de Los Andes novamente pela Rota dos Sete Lagos. A excursão parou em Villa la Angostura novamente. É claro que estava frio, e é claro que aproveitamos para comprar um chocolate quente para nos esquentar.
Voltamos para Bariloche. Nesse dia, utilizamos a janta gratuita do hostel mesmo e fomos dormir. Dia bem cansativo.

Dia #5 – Refugio Neumeyer, ou bosque do mal

Clima: chuva, frio.
Sinal de neve: só no imaginário das pessoas. Com algumas taças de vinho talvez fosse possível ter alguma alucinação.

Refúgio Neumeyer

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Pois bem, fomos então ao Refugiu Neumeyer para fazer um trekking na neve. Foi o passeio mais caro de todos. As fotos na internet eram maravilhosas e parecia extremamente épico, então não me importava em desembolsar uma boa grana.

O único problema é que um trekking na neve acabou sendo um trekking no barro em um bosque maléfico, maligno e do mal. Sabe, aquele bosque em que a Branca de Neve se perdeu quando soube que precisava correr desesperadamente porque uma bruxa muito louca que queria ser mais bonita do que ela desejava atingir este objetivo matando-a. O trekking não deixou de ser interessante, de toda maneira. Agora, importantíssimo. É uma subida cabulosa. Então, se você não estiver disposto a ficar cansado, simplesmente não faça este passeio.

A medida que subíamos a montanha com o nosso instrutor, aparecia pedaços de neve aqui e ali, mas nada muito intenso.

Uma chuva leve caía durante o percurso, então nosso instrutor insistia em dizer que havia possibilidade de neve caso a temperatura abaixasse um pouquinho mais. Liliam foi com o cachecol da Grifinória dela, então pegou uma vareta e começou a brincar de Harry Potter. Talvez fosse interessante mandar um wingardium leviosa para levantar o pouco de neve que havia no chão e, depois, fazê-la cair. Nessa, e somente nessa situação, teríamos neve caindo, do contrário apenas falsas esperanças.

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Chegamos em uma porção em que havia uma quantidade razoável mesmo de neve acumulada, porém muito pisada. Estava meio marrom.
O final do trekking são duas lagoas congeladas. Na primeira, era possível, inclusive, subir. Era um pouco perigoso cair e bater de cara em uma água tão dura, mas dava pra brincar. Fiz até um moonwalk bacaninha, que vocês podem ver no vídeo da viagem, lá no início desse roteiro (não deixem de ver o vídeo. Obrigado). O melhor do passeio.

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Em um morro, também brincamos de esquibunda. Tinha pouquíssima neve, mas deu para divertir. Ralei minha bunda horrores, só que o real problema eram umas crianças catarrentas que não sabiam uma coisa tão simples que qualquer criança nascida na década de 80 sabe fazer muito bem, que é o ato simples de escorregar. Sério, que geração é essa de crianças que só sabem mexer em tablet e não sabem deslizar sobre qualquer coisa. Qual é o problema delas? Não sabem que se colocar as pernas para cima vão mais rápido. Resultado, ficavam travando o meio do caminho

Liliam, por exemplo, sabe escorregar muito bem. Parabéns para ela.

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Após isso, fizemos todo o caminho de volta e almoçamos na cabana do refúgio, o que está (mandatoriamente) incluso no pacote. Primeiro vieram com uma sopa de abóbora sem gosto, e depois vieram com a gororoba acima, que era carne de cordeiro com algum tipo de batata ruffles genérica. Vocês tirem a conclusão de vocês mesmo se vocês acham que isso estava gostoso. Olha, eu já comi muita comida que parecia inclusive visualmente com fezes e tinha até um gosto muito bom e surpreendente, mas essa comida da montanha… não tinha gosto. Acho que desconhecem um negócio chamado sal, ou então têm medo de causar hipertensão nas pessoas, mas a comida não tinha tempero. Umas criancinhas ficavam reclamando o tempo todo que a comida não possuía sabor simplesmente na maior sinceridade possível, e alto. Depois veio uma sobremesa que tava bem gostosa, pelo menos.
Dado o preço altíssimo do passeio, esperávamos algo mais saboroso, mas não foi o caso. Deu pra alimentar, de toda forma.

A cabaninha tinha esse gatinho simpático que ficava do lado da lareira para se esquentar. Uma graça.
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Depois disso, sentamos no trono de gelo, e viramos os reis do norte. Muito massa!

Dia #6 – Cerro Tronador

Clima: chuva, depois nublado. Frio. Sinal de neve: fingiu que viria, mas não veio. Um tipo de adaptação de quadrilha de festa junina: “Olha a neve vindo..! É mentira!”

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Fizemos o tour até o Cerro Tronador, que reservamos pelo hostel, que começou cedinho também. No caminho, temos visão de lagos de um outro braço do Nahuel Huapi. Como o sol estava nascendo, foi provavelmente uma das visões mais distintas da viagem, pois o lago refletia o sol e gerava um postal inesquecível.

Lindo mesmo!

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Entramos no Parque Nacional Nahuel Huapi em direção ao Cerro Tronador, e paramos próximo a um lago em que poderíamos ver trutas nadando. A água era bem cristalina. Liliam utilizava uma sombrinha porque havia chuva. Novamente, era possível ter neve.
A posição do sol, ainda margeando o horizonte, ajudava bastante a embelezar a paisagem!

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No meio do caminho, paramos neste restaurante do parque. Comemos uma macarronada sem gosto. Cheguei à conclusão de que comida de montanha não tem sabor. O lugar, de toda maneira, era lindo.

Nessa parada do restaurante, também dava para visitar esta região em que era possível ter a primeira visão do Cerro Tronador, que é o monte nevado ao fundo.
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Após andar um pouco mais no busão, chegamos no famoso Glaciar Negro, que possuía essa lagoa congelada da cor exata dos meus olhos. Sim, porque, normalmente, é bem pretinho/marrom cocô essa lagoa, mas neste dia em que fomos tivemos muita sorte: estava nessa cor azul clara maravilhosa. Este foi, provavelmente, o lugar mais bonito que visitamos na viagem. Não tinha como fazer uma foto ruim com essa coisa linda de fundo. Ah, e não estava tão frio, acreditem.
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Dá pra fazer foto ruim com essa paisagem? Claro que não.

Repetindo o Restaurante La Marmite

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Voltamos para o hostel e voltamos para o restaurante La Marmite, o mesmo do primeiro dia, porque queríamos experimentar um foundie doce. Assim, pedimos um Bife de Chorizo como prato principal, e o foundie doce de sobremesa. Recomendado.

Dia #7 – Cerro Catedral, o retorno

Clima: nublado, muita neve na montanha.
Sinal de neve: muita neve! Yay!

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A previsão do tempo dizia em todos os lugares que poderia haver muita neve neste dia nas cotas altas. Assim, reservamos o último dia para ir até o Cerro Catedral novamente, que, por ser o ponto mais alto visitável na região, seria onde teríamos a maior probabilidade de ver neve caindo. Então pegamos um busão lotadérrimo e fomos até o Cerro!

A base do Cerro Catedral estava desse jeito. Chovia água mesmo, e não dava pra saber muito bem o que estava acontecendo e parecia estar apenas com neblina. A mulher na bilheteria falou que estava nevando. Óbvio que eu fiquei extremamente empolgado com a situação. Decidimos não subir nas cadeirinhas nessa vez, e sim pelo bondinho, o Cable Carril, para ter uma experiência diferente. Só que estejam avisados que, quando entram nesse carrinho, não é possível muito bem ver a paisagem, pois, como ele é aquecido, fica tudo embaçado. Se quiserem vê-la, o melhor é usar as cadeirinhas mesmo. Vale a experiência.
Mas o pouco que dava pra ver me fazia perceber uma transição magnífica. Os pingos de água, à medida que o carrinho subia, pareciam mais leves. A verdade é que o que antes eram pingos de água foram se transformando em flocos de neve.
Foi nesse dia que eu entendi a ligação da menina no primeiro dia. Seriam sete dias para começar a nevar!

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Chegamos na Puntanevada, que é um ponto intermediário da montanha, e o que vimos foi isso aí. Minha vontade de ver neve caindo desde criança era tão grande que não deu outra, caiu um pedaço de neve no meu olho e ele começou a lacrimejar, mas juro que não era de emoção. Mentira, eu acho que posso colocar este momento no TOP 5 de momentos mais emocionantes da minha vida fácil, fácil. Não sei transcrever isso em palavras. Chorei mesmo.

Pegamos um carrinho para o Refúgio Lynch, que era o topo da montanha. O que vimos de lá de cima, foi isso:
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Nevava bastante. Em um momento, a neve ficou mais fraca e conseguimos tirar essas fotos com alguma visão. Porém, na maior parte do tempo, não se conseguia ver nada, tão forte era a nevasca. Engraçado mesmo como transformou uma paisagem cheia de barro nisso. É impressionante mesmo a natureza.
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Toda hora nos escondíamos dentro do restaurante do Refúgio porque ficar do lado de fora por muito tempo congelava a alma de um jeito que só presenciando para entender.
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Estava um pouquinho frio só.
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Depois que brincamos pra caramba na neve resolvemos almoçar no restaurante do topo da montanha. Não tinhamos muita escolha, e pensamos, “caramba, vai ser o negócio mais caro de nossas vidas, além de sem gosto, claro”. Pegamos uma carne a milanesa. Para a nossa surpresa, foi muito baratinho, com muito gosto, e em tamanho família, como podem observar na foto. Olha, recomendo muito almoçar neste restaurante, é ótimo!
Uma coisa que observamos é que aquela cena clássica de ver nevezinha caindo na janela é balela e existe somente em filmes. Como os ambientes fechados normalmente são climatizados, a temperatura de fora é muito menor do que a temperatura de dentro, então as janelas ficam todas embassadas e não dá pra ver nada. Só avisando, para que não se frustrem.
Ah, mas neve é coisa linda demais! Eu já quero de novo!
Depois que almoçamos, começou a tocar um alerta e foi pedido a todos que evacuassem o pico da montanha. Agora é engraçado, mas na hora foi desesperador. Veio um vento muito cabuloso e absurdo e uma neve muito louca. Fiquei pensando que se ficasse ali realmente teria chances de morrer congelado. Então fomos caminhando até as cadeirinhas para voltar para a estação intermediária. Havia muita neve, então a gente se afundava pateticamente no caminho. Teve uma hora em que a Liliam se afundou e eu fiquei desesperado, mas ocorreu tudo bem. O tenso era uma criancinha, que aparentemente quase se afundou inteira, e ficou chorando o tempo todo dizendo para o pai dela que não queria voltar naquele lugar nunca mais.

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Pegamos as cadeirinhas e voltamos para o Puntanevada, a parte intermediária, que estava tranquila.
Você que está lendo deve estar pensando “CREUNDEUSPAI eu não quero passar por isso nunca na minha vida, parece história de terror”, mas eu acho que a vida é feita disso mesmo, de situações que fazem o nosso coração bater mais forte e nos fazem lembrar de que estamos vivos. Essa é a beleza da vida. Eu adorei e já quero passar pela mesma experiência de novo.
Fica aí o momento filosófico.
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Essas cadeirinhas deixavam a bunda bem geladinha. Aliás, nunca amarrava direito a minha calça impermeável e entrava gelo toda hora. Acontece.
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Acho que a coisa mais bonita do inverno são essas árvores com nevezinha.
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Descemos porque infelizmente fecha tudo cedo, às 6h da tarde. Uma melancolia triste e já queria voltar.
Pegamos o ônibus de volta pro hostel. Comemos lá mesmo.

Dia #8 – Fin

Clima: clima de infelicidade, porque estava acabando. Sinal de neve: nas montanhas, tinha neve 🙂
Era para visitarmos o Cerro Otto, mas, como estávamos muito cansados e o vôo de volta era de tarde, decidimos só visitar a beira do Nahuel Huapi mesmo.
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Visitamos essas esculturas e ficamos um pouquinho na orla fria e de vento cortante. Almoçamos rapidamente em um restaurante italiano, L’Italiano. Eu pedi um risoto funghi e Liliam pediu uma lasanha que, depois de dez minutos, ainda estava queimando a língua da pobre coitada. Recomendado!

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Por fim, fomos embora de Bariloche.
E esta foi uma viagem maravilhosa que eu recomendo a todos. Estou já olhando todos os lugares possíveis com neve para visitar. As pessoas falam, “mas é muito frio, você vai morrer, não curto frio”. Mas eu, que provavelmente tenho um metabolismo intenso e queimo igual uma chama, adorei estar em um lugar gelado.
Até a próxima!

Veja também

Quer saber como é Bariloche no verão? Então confira o post O que fazer em Bariloche no Verão? 8 dicas para você morrer de amores do blog Destinos e Afins. Até que eles pegaram o clima parecido com o nosso, mas saiba que, dado que tudo lá é lindo de morrer, vale a pena visitar no verão, sim!
E, já que Bariloche é um destino caro, que tal conferir o post Bariloche: Guia e como economizar na sua viagem à Patagônia Argentina do blog Viaje com Pouco? Lá você tem dicas do que fazer para não ter de vender sua alma aos deuses nórdicos para ter de viajar para esse lugar tão legal!