Visão na Table Mountain

Previously on S2S’s Cape Town Trip

No post anterior, que você pode acessar aqui, apresentamos o índice de posts e também um FAQ completíssimo sobre a tal da Cidade do Cabo. Um monte de perguntas e respostas para que vocês saibam de tudo na cidade! Ah, tem uma tabela de preços também!

Não deixem de ver o vídeo da viagem no topo do post. Ele é divertidíssimo e tem (spoiler) dancinha da Shakira!

Nesse post, falaremos sobre como chegamos na Cidade do Cabo após uma longa viagem, e como, logo na manhã do outro dia, fizemos mergulhos com tubarões, e ainda, depois, curtimos um pôr-do-sol na Table Mountain.

Preparados?

Ida

Nossa ida foi de São Paulo, com passagem em Luanda, na Angola. Foi bastante conturbada. Nosso vôo de ida atrasou 21h. Foi atrasando aos poucos no início até que foi cancelado. Nos colocaram em um hotel e nos deram janta e almoço, pelo menos, mas eram horríveis com qualquer tipo de informação: não sabiam nada sobre quando e como embarcaríamos. Foi enorme estresse.
Finalmente embarcamos. Devo dizer que o avião é espaçoso e o serviço de bordo é bom, embora tenha pouca coisa na rede de entretenimento. A tripulação é toda angolana, então eles falam um português de portugal, é muito diferente! Fui em boa parte do trajeto ouvindo músicas angolanas, que lembram muito a batida do zouk.
Em Luanda, primeira coisa a notar foi a temperatura: muito quente. E isso porque era tipo.. 3h da madrugada. Deparamos-nos com um aeroporto bem feio e cheio de mosquitos. Parecia uma rodoviária. Ficamos por 6h lá, novamente sem muita informação sobre quando embarcaríamos para a Cidade do Cabo. Quando finalmente embarcamos, foi um grande alívio, exceto que não. Depois de decolado, avisaram-nos que o avião teria de voltar para Luanda por questões técnicas.
Voltamos, ficamos algumas horas, e, enfim, o avião embarcou novamente. Depois de 48h desde o início, chegamos na Cidade do Cabo com um dia a menos no nosso roteiro!

Dia #0: Chegada

Aeroporto

Assim que chegamos, passamos pelo aeroporto, que é muito bom e bem organizado. A imigração foi tranquila, não perguntaram nada. Pegamos nossas malas, e lá no Aeroporto mesmo já comprei meu chip de internet da Vodacom. Deu pra notar o inglês britânico dos sul-africanos que, pelo menos pra mim, é uma delícia de ouvir. Portanto, a comunicação, desde então, foi bem tranquila. O que assustou foi que, quando conversavam entre si, embora o fizessem em inglês, de repente, não mais que de repente, começavam a se comunicar numa língua estranha. Perguntei e me responderam: falavam em Africâner (ou Afrikaans).

Curiosidade #0.1: A África do Sul possui 11 linguagens oficiais. Africâner, Inglês, Ndebele, SeSotho do norte, SeSotho do sul, Suázi, ChiTsonga, Setswana, Venda, Xhosa, Zulu. Na Cidade do Cabo, você verá tudo nas ruas escrito em inglês. Placas, marcações de trânsito, cardápios, letreiros. Tudo. Entre si, também se comunicam em inglês, porém frequentemente alternam a linguagem para o Africâner. Descobrimos que existe um respeito por aqueles que são fluentes na linguagem sul-africana, e, por isso, muitos sabem inglês e africâner.

Não decidimos alugar carro porque medo de dirigir na mão inglesa. Não consigo imaginar qual tipo de desastre poderia acontecer caso eu me aventurasse nisso, eu que sou uma pessoa extremamente lesada. De toda forma, muitos amigos já dirigiram e disseram que, embora seja complicado no início, depois fica bem tranquilo. Importante mencionar é que necessário ter a Permissão Internacional para dirigir na África do Sul.
Dessa forma, nossos meios de locomoção foram Uber e vans de tours. E foi por meio do serviço concorrente do Táxi que fomos para o nosso Airbnb.

Dica #0.3: Uber é uma forma muito boa de se locomover na África do Sul. É barato e os motoristas são bons e chegam rápido. Conversam bastante, algo que curtimos muito, pois assim conhecemos mais sobre a cidade. O único problema é que algumas distâncias são bem grandes, daí acaba saindo um pouco caro.

Nosso quarto do Airbnb era uma graça. O anfitrião estava lá para nos receber e ocorreu tudo bem. Escolhemos por conta da proximidade tanto com o centro quanto com o V&A Waterfront.


V&A Waterfront – Restaurante Gibson’s Gourmet Burgers & Ribs

Estávamos acabados de mortos, porém precisávamos comer, caso contrário conheceríamos a morte em africano (dood, usei o Google Translator). Pegamos um Uber para o Victoria & Alfred Waterfront, que, já adianto, é definitivamente o melhor lugar na Cidade do Cabo para jantar! Nomeado em homenagem ao Príncipe Alfred, segundo filho da Rainha Vitória, é um pier ao estilo inglês com um shopping, vários restaurantes, galerias e museus. O clima é muito agradável, tudo é bastante seguro, com bastante música, mas sem poluição sonora. Como quase todo lugar na Cidade do Cabo, tem visão para a Table Mountain. Voltamos lá quase todos os dias!
Escolhemos como primeiro restaurante o Gibson’s Gourmet Burgers & Ribs. Eu pedi ribs e Liliam pediu um Mac’n’Cheese, que é um macarrão com um molho branco. O dia estava bem frio, então os restautantes todos tinham lâmpadas de aquecimento que deixavam tudo muito agradável.

Aproveitei para já então experimentar um vinho de uma das uvas típicas da região, que é a Shiraz. Muito embora seja grande apreciador, não sou lá um enólogo, estou mais para, como diria meu irmão, um enófago. Então não sei descrever a consistência ou a cor do vinho, e muito menos se tinha cheiro de terra, ou de madeira, ou de chocolate, ou de cocô, ou de vômito de girafas africanas com diarreia e ressaca após ingestão excessiva de marula. Não sei. O que sei é que o vinho é consideravelmente mais forte do que os Cabernet Sauvignons, Malbecs e Merlots que encontramos com facilidade na América do Sul. E, de certa forma, eu gostei. Bastante.

Vamos aos fatos. Não estava nem há 3h na Cidade do Cabo, e já estava completamente apaixonado pela cidade.
Só andamos um pouquinho, passamos num mercadinho 24h da rede Caltex, muito comum por lá, compramos água, lanches e afins, afinal, como estávamos em um Airbnb, não haveria café da manhã. Havia muitos produtos diferentes e optamos por eles para conhecê-los. Voltamos para dormir.

Dia #1: Tubarões e Table Mountain, a.k.a. Montanha da Mesa

Gansbaai e o passeio com os tubarões simpáticos

Havíamos previamente reservado um tour para entrar numa jaula com tubarões na cidade de Gansbaai, cidade a 160km da Cidade do Cabo. Optamos por fazer com o Great White Shark Tours, que é mais caro do que o normal, porém oferecia 100% de reembolso caso não víssemos nenhum tubarão.

“Mas vocês vão morrer”, você diz. “Já viram aquele caso do tubarão que entrou na jaula?”, vimos. “Falta juízo na cabeça de vocês, isso sim”.

Quanto absurdo. Tubarões são extremamente fofinhos e simpáticos. Às vezes eles comem uma perna inteira ou um braço, ou então o corpo inteiro, e está certo que isso é um sacrifício da vida humana completamente em vão, visto que eles, após mutilarem nosso corpo com seus dentes lindinhos, não curtem a nossa carne e depois simplesmente nos cospem. Mas, gente, a vida é feita de riscos, e pagar cerca de 500 reais num passeio caro com profissionais certamente oferece pouca ou nenhuma possibilidade de dar errado.

Acordamos às 4h da manhã para pegar a van, que chegou no horário. O caminho até Gansbaai parecia muito, muito bonito, porém só me lembro de alguns relances de de quando paramos para tomar café da manhã em um posto na estrada. Isso porque capotamos geral dentro do ônibus. Estávamos mortos do dia anterior e ainda tínhamos que fazer esse passeio (afinal foi caro e não podia mudar de dia). Nem sei o que sonhei, acho que fui teletransportado para uma outra dimensão regeneradora.
O passeio foi o seguinte: chegamos e nos mostraram uns vídeos sobre como seria essa aventura. Nada muito longo. Logo em seguida, fomos para o barco. Aliás, barco que balança muito, recomendo muito tomar um remédio antes para não passar mal, pois eu passei. No caminho até o lugar onde estariam os tubarões, vimos golfinhos felizes. Esses mesmos golfinhos que estão completamente cientes do fim do mundo, e, com seus barulhos, tentam nos avisar, embora não entendamos.
Um cara começou a jogar comida no mar para atrair os tubarões, e logo logo eles apareceram. Dava pra ver super bem do topo do barco. Como disse, fofos.

Tubarões fofos
Para entrar na jaula, funciona da seguinte maneira: um grupo de 6 pessoas coloca as roupas de neopreno e desce na jaula, enquanto o restante fica no barco observando. Quem está na jaula fica com a cabeça do lado de fora da água, segurando, com as mãos, em uma barra no topo. Um instrutor fica no barco observando os tubarões. Assim que um aparece, ele avisa para os que estão na jaula para que mergulhem, para ver os tubarões na água. Esse procedimento se repete por alguns minutos, e então as pessoas saem da jaula e entra mais um grupo.
Para quem está no barco, são oferecidos refigerantes e snacks à vontade.
Nossa vez foi no último grupo. Foi bem chato porque passei um pouco mal, balançava muito. Confesso que, por estar gripado, senti mais medo da água geladérrima do que dos tubarões. Doía no mais íntimo do ser, sentia os meus ossos como nunca antes, e não acostuma. Além disso, a água estava bem turva, então era mais fácil ver os tubarões de fora dela do que de dentro.

Dica #1.1: Ser um dos últimos a entrar é melhor, pois, como o clima é frio, evita-se de ficar molhado se congelando.  

Finalizado o passeio, voltamos para a casa da empresa. Ofereceram-nos um almoço, e também pudemos usar os banheiros para tomar banho.
Ah, e durante todo o passeio eles realizam filmagens, que disponibilizam “de graça” depois, no site (claro que o preço disso tá incluso, de tão caro que é o tour).
Na volta, dormimos também. No fim das contas, foi muito bom dormir durante o trajeto porque isso nos revigorou bem e pudemos passar o restante dos dias com bastante energia!


Table Mountain

Spoiler: a Table Mountain, também conhecida como Montanha da Mesa, é muito foda. MUITO. FODA. Não sabíamos disso, aliás, sabíamos que, vista debaixo, definitivamente era foda; mas, da perspectiva de cima, ela é ainda mais deslumbrante. Para quem não sabe, a montanha de 1.000m, que se eleva tão de repente e relativamente próxima do oceano, é uma das sete maravilhas naturais do mundo.

Para quem quiser ver, o vídeo acima é sobre nossa visita à Table Mountain, e tem muitas informações condensadas em apenas 4 minutos de vídeo, além de ser divertido! Ao vê-lo, garanto que saberá de tudo sobre a atração!

Algumas dicas:

Dica #1.2: Nem sempre o parque Table Mountain fica aberto, pois, dependendo do clima, pode estar ventando excessivamente, e, nesses casos, o bondinho não opera. Você pode conferir se está aberta olhando no site deles.

Dica #1.3: Mesmo que ela esteja aberta, pode ser que o tempo esteja nublado. Nessas situações, normalmente a nuvem fica bem no topo da montanha, então, ao subir, você fica dentro da nuvem, e, consequentemente, não vê nada. Ou seja, o dia certo para ir na Table Mountain é o dia em que você notar que o tempo está aberto. Sugiro que escolha o dia de ir quando estiver na Cidade do Cabo mesmo. Se notar que o dia está aberto, então é a hora de ir para lá.

Dica #1.4: Ainda que decida no dia que deseja visitar a Table Mountain, ainda assim pode comprar os ingressos pelo celular, o que evita uma fila de mais de meia hora para comprar ingressos.

Dica #1.5: Pode reservar metade de um dia para visitá-la, pois há muito o que ver. 
Dica #1.6: Lá em cima é muito frio e venta horrores. 10ºC era o que fazia quando visitamos. Então, vão com roupas de frio boas! 


Assim que a van dos tubarões nos deixou no hotel, pegamos um Uber para a entrada do bondinho da Table Mountain. Não conseguimos comprar os ingressos pelo celular porque tivemos problemas com o cartão de crédito (o Banco do Brasil manda um SMS com um número de confirmação quando fazemos compras na internet, e não tínhamos como acessar a mensagem de outro país. Falha épica). Então pegamos uma fila bem grande de meia hora. E, depois, mais uma fila de meia hora para entrar no bondinho.
Uma coisa muito interessante sobre o tal do bondinho é que ele gira 360º enquanto está subindo. Desse modo, todos os que estiverem nas pontas podem ter a oportunidade de vislumbrar a paisagem em todos os ângulos. Ideia fenomenal, não? O operador ainda é bem engraçadinho e fica fazendo piadas. Ele sobe devagar, porém deu pra sentir bastante pressão no ouvido, visto que a montanha é bem alta! 
Foi no bondinho que vimos pela primeira vez a imagem fenomenal dos 12 Apóstolos, tais como são chamados os doze picos ao longo da Table Mountain. A mãe natureza nos agraciou como nunca com uma visão fantástica, visto que havia nuvens em cima dos picos, e eu não tenho palavras para descrever o quão mágico foi ver isso. Até me emociono só de me lembrar. Espetáculo.

Sempre dá uma vontade de chorar quando vejo algo na natureza que me impressiona (e às vezes eu choro, como foi o caso de quando vi neve, em Bariloche). É uma espécie de gratidão por estar ali e poder aproveitar aquilo, ter sido agraciado por estar saudável e apto a vislumbrar e experimentar a sensação de estar ali. Não sei me expressar mesmo não, acho que só indo lá pra entender mesmo.

No topo, você cai em umas lojinhas, porém não perdemos muito tempo com elas e fomos andando pelas trilhas da Table Mountain. Como é enorme! Há muito o que fazer! E só havíamos chegado muito tarde lá, quem dera tivéssemos a tarde inteira ao nosso dispor! Então fomos caminhando. Isso num frio de congelar. Acreditem, o vento é nível ULTRA HARD, e o frio é intenso.

Vento infinito
Nos caminhos, vimos pessoas chegando na montanha por uma trilha a pé (quanta disposição, parabéns a eles!), e também vimos áreas com festinhas particulares (povo riiiico!). Notamos algumas aves e também animais cujas espécies não conseguimos identificar (se eu tivesse uma câmera com zoom decente, postaria e daí vocês me ajudariam a descobrir, haha). 
O Sol ia, aos poucos, se escondendo, e a visão ficando ainda mais espetacular, sobretudo pelas penumbras e pelos raios de sol em fogo incidindo nas nuvens. Paramos para observar o sol se pondo. Cena fantástica.

Dica #1.6: Há algo no Sol da África do Sul. Toda despedida do astro-rei, por lá, é nada menos do que maravilhosa. Sempre tente encaixar em seu roteiro uma apreciação do pôr-do-sol e não irá se arrepender.

Assim que o Sol se pôs, resolvemos andar mais um pouco e, para nossa surpresa, descobrimos o outro lado da Table Mountain, com visão para a cidade. Ficamos tão deslumbrados com o pôr-do-sol que esquecemos de andar mais. A visão do outro lado também é magnífica, porém, absolutamente do nada, o tempo ficou completamente nublado. Como disse, o tempo lá é muito louco e tudo é imprevisível.
O alarme começou a tocar, obrigando-nos a vazar. Pegamos uma boa fila para entrar no bondinho da volta, em que pudemos ter uma vista panorâmica da cidade à noite, e, depois de um bom tempo, saímos do parque.

V&A Waterfront – Restaurante San Marco

Claro, voltamos novamente ao Waterfront, porque lá é, definitivamente, o melhor lugar para jantar na Cidade do Cabo. Anotem isso!

Escolhemos o Restaurante San Marco, porque ele tinha um visual legal e é só (nosso julgamento é bem típico de quem vê uma capa de um livro e começa a lê-lo por conta disso). Escolhemos um carpaccio de entrada, e como prato principal um T-Bone Steak, que não sabíamos o que era, até porque restaurante mais chiquezinho não tem imagens no cardápio, mas, spoiler, é tipo uma bisteca, exceto que o corte é diferente. Eu acho.

O fato é que o carpaccio tava tão bom que, desde então, somos viciados no prato!

Novamente, depois só andamos um pouquinho e voltamos para o hotel. Após as 10h da noite, quase tudo vai fechando por lá. Pra quem quer uma noitada muito louca, seria melhor a Long Street, porém falo dela depois.

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